10 de novembro de 2007

20 DE NOVEMBRO É SUGESTÃO GAÚCHA

Em 2006, o Governo Federal lançou o Selo Comemorativo aos 35 anos do Dia da Consciência Negra.

por Sátira Machado, do NÓS SOMOS MÍDIA

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O cabelo, na imagem, traz o nome de várias
personalidades negras, no
Selo Comemorativo aos 35 anos do
Dia da Consciência Negra - (2006)


Em 1971, Ano Internacional para Ações de Combate ao Racismo e a Discriminação Racial /ONU, a imprensa gaúcha abre espaço para a divulgação da primeira evocação no Brasil do dia 20 de novembro , uma manifestação do Movimento Negro gaúcho, em alusão ao dia da morte do lider do Quilombo dos Palmares, Zumbi.

O ato do Grupo Palmares, de Porto Alegre, em 1971, foi celebrado por negros e negras no Clube Náutico Marcílio Dias. A criação do grupo e a escolha da data, estudada e sugerida por Oliveira Silveira, foi fruto de encontros de negros na Rua da Praia (Rua dos Andradas), na capital gaúcha.

A partir de 1978, outros Estados passsaram a celebrar o Dia Nacional da Consciência Negra, no dia 20 de novembro. Em 2003, a data passou a fazer parte do calendário escolar com a implementação da Lei 10.639/03, que inclui o ensino sobre a "História e Cultura Afro-Brasileira" nas escolas públicas e particulares do Brasil e dá outras providências.

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Hélio Santos e Oliveira Silveira

O Prof. Hélio Santos destaca que o Movimento Negro é o movimento social mais antigo do Brasil. O Quilombo dos Palmares foi um dos maiores movimentos sociais na história do País. Na Serra da Barriga, em Alagoas, o quilombo foi espaço de resistência e conscientização onde a comunidade negra podia preservar as raízes africanas e pensar em alternativas para o povo negro no novo continente. No ano de 1670, a República dos Palmares já abrigava mais de 50 mil africanos refugiados do escravismo colonial que mais tempo durou no mundo, até 1888.

O Quilombo dos Palmares foi fundado em 1600, por africanos fugidos das fazendas de engenhos de açúcar de Pernambuco. Em 1655, num dos mocambos de Palmares, nasce Zumbi. O quilombo é invadido várias vezes e, numa dessas os soldados capturam Zumbi. O entregam aos cuidados do Padre Antônio Melo, que lhe ensina a ler muitos livros, inclusive em latim. Em 1670, Zumbi foge do padre e retorna para Palmares. Líder, passa a lutar pelo ideal de liberdade de todos os escravizados, não apenas os habitantes do Quilombo dos Palmares. Em 20 de novembro de 1695 é preso e degolado. A abolição da escravidão no Brasil só saiu em 1888.(www.vidaslusofonas.pt)

Em 1986, o local foi tombado. A Serra da Barriga fica a 80 Km de Maceió, no município de União dos Palmares e é considerado o principal sítio arqueológico do país. O arqueólogo da Universidade de São Paulo (USP) Paulo Zanettini, o professor americano Charles Orser, da Universidade de Ilinois e o professor da Unicamp Pedro Paulo Funari foram os primeiros pesquisadores na serra. Hoje, o arqueólogo estadunidense Dr. Scott Allen, radicado no Brasil há cerca de uma década, é quem responde pelo sítio arqueológico da Serra da Barriga, junto com o Núcleo de Estudos e Pesquisas Arqueológicas da UFAL (Nepa).

4 Comments:

Blogger sergio dias said...

É, nós cariocas temos que reconhecer a feliz sugestão dos gaúchos e o 20 de novembro cada vez maisse tornauma data nacional.
Valeu!
www.pelenegra.blospot.com

12:10 PM  
Blogger Waldimiro de Souza said...

Ola! Hélio Santo, junto com professor Oliveira Silveira que eu não conheço, pessoalmente, estou encaminhando um site de colegas seus do Mato Grosso que fizeram comentário no nosso site. Precisamos interagir!
Waldimiro de Souza
VARELLA deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Segundo Editorial O Negro no Brasil Atual (1980)":

Caro Waldimiro. Gostei da sua página, principalmente sobre a temática abordada. Nós precisamos ocupar mais espaços em todos os meios de comunicação. É um direito nosso. Eu penso igual a você. Precisamos divulgar nossa cultura e além do mais, conquistar aquilo que muito nos foi negado.

Na verdade o que nós queremos é uma sociedade brasileira mais justa, mais vigorosa onde todas as etnias consigam viver em harmonia.

A propósito waldimiro, deixo-lhe o endereço de minhas páginas para que você vizite-as e comente-as.

www.luizvarella.blogspot.com/

www.capoeiraroo.blogspot.com

Prof. Luiz Carlos
Rondonópolis
Mato Grosso

9:51 AM  
Blogger Renato de Mattos Motta said...

venho aqui registrar a trágica notícia do passamento do grande poeta Oliveira Silveira por volta das 23h do dia 1º de janeiro de 2009.

A poesia do Brasil e do Rio Grande do Sul perde a sua voz mais forte e gentil!

Tive o prazer de umas poucas conversas com ele no Porto Poesia e realmente fiquei impressionado com a característica única desta personalidade iluminada!

7:30 AM  
Blogger Waldimiro de Souza said...

Olá Waldimiro de Souza, para sua leitura.

Crise econômica exige saída política

A crise financeira em que o planeta mergulhou nos últimos meses tem sua origem na raiz do sistema capitalista e por isso mesmo será duradoura. Dela emergem outras questões fundamentais a serem enfrentadas, como a dívida pública dos países periféricos, a questão do desemprego global e da unidade latino-americana.

As coisas parecem, mas não são. Parece que proprietários de imóveis irresponsáveis em conluio com credores gananciosos nos EUA, provocaram a quebradeira geral que derrubou Bolsas, retraiu as vendas, enxugou o crédito e travou as engrenagens do sistema. Resposta fácil para um problema complexo. Ilusão reduzir as coisas a este patamar de explicações, apesar de largamente utilizado por comentaristas econômicos atônitos diante da falência repentina de suas teses neoliberais.

Nosso planeta é acometido de uma doença que se arrasta há séculos denominada capitalismo, que como sugere o nome, acumular capital é sua sina. A enfermidade global recebe doses medicamentosas regulares que adiam os problemas e, não raro, não fazem mais efeito, provocando surtos permanentes e persistentes de crises. Vivemos um deles que derreteu ativos sem cerimônias e colocou a banca em xeque.

Não bastasse a evaporação de capital foi também para o vinagre o discurso do Estado mínimo e do mercado máximo. Assim que a rolha foi puxada e o capital fictício desceu ralo abaixo, em questão de segundos recorreram ao erário público para solicitar desavergonhadamente por auxílio, no que foram prontamente atendidos. Encurralados, não havia outra saída: é melhor sacrificar o discurso do que o lucro.

O mais engraçado, não fosse trágico, é que dinheiro público arrecadado do conjunto da sociedade, venha servir de bóia de salvação dos negócios privados, dentre os quais o setor da economia que provavelmente mais farreou nas últimas décadas com o ganho fácil: o financeiro. E neste caso o receituário aplicado para conter a crise é absolutamente incapaz de resolver o problema senão até agravá-lo, pois reforça os pilares de uma economia especulativa por natureza e predadora por vocação.

Outro mito abalado foi o da “eficiência capitalista”. O epicentro da crise não partiu de insurreições periféricas, mas sim de desajustes estruturais no coração do sistema, alimentados por décadas de expansionismo financeiro no cassino global. A jogatina é restrita a determinados jogadores, mas as nefastas conseqüências deste modelo de acumulação de capital explodem com maior violência exatamente nos setores mais fragilizados da sociedade. A “eficiência da gestão” é tão tocante que os gerentes do cassino faliram as empresas que administravam e ainda recebem indenizações milionárias como tem sido mostrado pela imprensa. É o prêmio pela incompetência!

Deste lado do campo não dá para esperar coisa diferente.

O que se coloca para os setores progressistas é uma união de forças em outras frentes para tentar reverter um agravamento da crise social. Apresentar uma plataforma apoiada na proteção do emprego e do salário é uma tarefa mais do que emergente. Temos muitos pensadores e estudiosos do tema que poderiam contribuir neste sentido.

Mas é preciso ir além, como capitalizar o estado brasileiro para fazer frente aos desafios sociais, provocando o estancamento imediato da sangria de riquezas do país através da interrupção do pagamento da dívida externa e interna, acompanhada de uma auditoria.

O que parece coisa de louco para o capital normalmente é saudável para o trabalho.

É verdade que a esquerda está dividida, que o movimento sindical naufraga em meio ao sindicalismo de poucos resultados, o de nenhum resultado e o que tenta se firmar neste pântano, que os estudantes estão desmobilizados, que os movimentos sociais estão dispersos, enfim, que a conjuntura neste sentido não é favorável, mas é verdade também que o quadro político de crise escancarou as vísceras do sistema, abrindo evidentes possibilidades de mudança nos rumos.

A falta de uma plataforma comum de lutas, que aglutine os setores progressistas, deixa espaço para o velho peleguismo que propõe ao trabalhador a redução da jornada e do salário ou do neopeleguismo chapa branca, que tenta blindar o presidente Lula. Mas não há como isentá-lo, assim como o governador de São Paulo José Serra e outros em menor escala, pois ao mesmo tempo em que abriram os cofres ao setor automotivo, por exemplo, sem contrapartidas sociais, ocorreram demissões e redução de jornada e salários. Além disso, estas empresas mantiveram sua fiel política de remessa de lucros para o exterior. Receberam do governo com uma mão e remeteram para suas matrizes lá fora com a outra.

Esta é outra questão que merece muita atenção. O mundo financeiro se alimenta, dentre outros, das transferências de recursos dos países periféricos aos megaespeculadores e países centrais. Para se ter uma idéia do que isto representa em 2007 o Brasil despendeu R$ 180 bilhões. A economia para os pagamentos vem com o famoso superávit primário, que e o arrocho do orçamento em áreas sociais para gastá-lo em repasses frequentes aos credores.

Vem de longa data a sangria de recursos deste país que é carente deles, mas a curva flexionou para cima exatamente nos governos militares. De acordo com o Jubileu Sul Brasil “durante os 21 anos de ditadura a dívida pública aumentou 42 vezes, pulando de 2,5 bilhões de dólares em 1964 para 105 bilhões de dólares em 1985”. Ganhou novo fôlego com a crise dos anos 80, quando os EUA elevaram os juros e nosso endividamento em dólar deu novo salto.

E a abertura econômica dos anos 90, denominada por FHC de “inserção nos mercados globais”, representava na verdade nova sangria, apesar da pompa do nome como era de gosto do ex-presidente. Privatizamos e recebemos por isso, aumentamos os juros e gastamos por isso, numa conta de soma negativa. Ainda de acordo com o Jubileu Sul Brasil o endividamento externo saltou de U$ 148 bilhões em 1995 para U$ 210 bilhões ao final de 2002, mesmo tendo pago U$ 345 bilhões no período. A explosão da dívida interna também não deu vexame e foi de U$ 60 bilhões para U$ 648 bilhões no mesmo período.

Em 2006 gastamos 36,7% do orçamento federal em serviços da dívida, contra 25,7% na Previdência, 4,8% na saúde e 2,2% na educação. Deu para perceber por que os serviços públicos nestas áreas vivem uma crônica falta de recursos para custeio e investimentos? Mas os liberais alegam que a previdência é um buraco, a saúde corrupta e a educação têm muitos professores para poucos alunos e proclamam vivas ao mercado. As vítimas dos Planos de Saúde privados e das mensalidades escolares escorchantes parecem ser mais críticas em relação às maravilhas prometidas.

É mais do que hora de forçar o governo brasileiro a rever seus compromissos com o grande capital e interromper os fluxos que enchem as burras da banca internacional, seguir os exemplos de pequenos países vizinhos, mas engrandecidos por sua coragem em enfrentar o poder financeiro - como o fez recentemente o Equador -, auditar as contas e distinguir os micro investidores dos grandes credores, enfim, reverter a ordem dos pagamentos financeiros para os investimentos sociais.

Deve-se saudar a iniciativa da criação da CPI da Dívida Pública na Câmara Federal, de iniciativa do deputado federal Ivan Valente (Psol/SP), que pode desnudar o rei e expor as mazelas desta inserção subordinada do Brasil aos financistas. É preciso também pressão de baixo para cima para que a CPI ande.

O grande enfrentamento demanda uma plataforma de medidas em defesa do trabalho e na reversão do pagamento das dívidas, na construção de uma sociedade justa e igualitária, menos consumista, geradora da vida e protetora do que resta do meio-ambiente, apoiada em valores como a solidariedade e a cooperação e não o individualismo e a concorrência. É preciso redirecionar a produção em geral para a satisfação das necessidades humanas e não para a garantia da taxa de lucro

Além do mais, o Brasil é um país estratégico no sentido de potencializar as ações das nações parceiras da América Latina. Há um terreno amplo e favorável para aprofundar laços de cooperação econômica, de imposição de novas políticas sociais no lugar do assistencialismo, de romper definitivamente com o quadro histórico de dominação, usurpação e espoliação do continente. A economia brasileira surfou num suspiro de crescimento econômico internacional agora interrompido com a crise, mas a grande perda mesmo será não aproveitar a conjuntura política continental e articular uma frente cujo lema bem poderia ser “Outra América Latina é Possível”. A saída é política e não econômica.

Ricardo Alvarez
Geógrafo, é professor e editor do blog Controvérsia
blog.controversia.com.br

Link da matéria: http://blog.controversia.com.br/artigos-ricardo-alvarez/

9:52 AM  

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